quarta-feira, 25 de maio de 2011

Viagem interna...

Recentemente fui conhecer um retiro espiritual. Já tinha vontade de conhecer um lugar onde eu pudesse acalmar os pensamentos, meditar e vivenciar essa experiência e compartilhar com outras pessoas que também estivessem em busca de autoconhecimento.

Neste local são oferecidos cursos, palestras, workshops com duração de um final de semana. Na semana que eu fui tivemos o curso “Relacionamentos com Deus”. Na síntese esse curso tem o propósito de estreitar nosso relacionamento com Deus e mostrar as várias faces de Deus, o pai, a mãe, o irmão, o professor, o amigo.

Vivemos na Terra, encarnados neste corpo, e nossa consciência está voltada apenas para a matéria, pois é na matéria que estamos experimentando as nossas provas. Mas não podemos nos esquecer de que não somos este corpo. Não somos um corpo com alma, mas sim uma alma com corpo. Somos a alma, pura luz, sublime, não material, mas consciente de sua natureza divina. Fomos nos perdendo no caminho e esquecendo da alma, esquecendo de nós mesmos.

Quando despertamos a consciência da alma, quando entramos em contato com nosso Eu interior, nos desprendemos da matéria e percebemos que somos pura energia. Somos a imagem e semelhança de Deus. É então que percebemos a importância da “conexão” com Deus. Por quê? Imagine que no seu dia a dia, com as inúmeras provas e dificuldades que enfrentamos, nos sentimos fatigados, cansados, carentes. Isso é resultado da perda de energia vital. Nossa bateria está com a carga baixa. Através da meditação, da oração, da sua conexão com Deus, entramos em contato direto com a fonte de energia pura e ilimitada. Nesse momento somos abraçados por Deus, que sente nossa falta e nos espera para essa visita. Um Deus que respeita o livre arbítrio e não nos força a nada, apenas espera pacientemente pela nossa presença, pelo nosso retorno.

Nossa alma sente falta dessa energia, desse poder. Nossa alma se sente vazia quando perdemos este contato. É por isso que ainda existem grandes guerras, lutas e brigas entre os seres humanos. O ser humano ligado a matéria, busca energia em fontes equivocadas. Todo pensamento, ação, sentimento é carregado de energia. Então ao discutirmos, ao travarmos uma briga, estamos lutando por energia, estamos manipulando de forma errônea a energia. Tentamos preencher o vazio da alma com coisas materiais, relacionamentos vazios, poder político, social. Em vão.

Ao perceber que se conectando com Deus é possível recarregar a bateria, é possível se sentir preenchido pelo amor, o ser humano percebe que toda essa briga é desnecessária. Existe uma fonte eterna de energia, de amor. O amor transborda pelos seres que despertaram, pois estes já perceberam que é possível doar amor através de sua existência, seus atos e pensamentos. Fica para mim cada vez mais claro que de o amor transforma minha vida. Preenchido pelo amor divino já não me sinto inseguro pois sei que toda essa força, todo este poder está vivo dentro de mim, ao meu alcance. Claro que não é uma mágica que vai transformar uma vida inteira de vícios comportamentais e sentimentais de uma hora para outra. É um trabalho diário, de conexão, meditação, percepção e doação.

Mergulhada em angústias, pesares e sofrimentos, a humanidade cria ao seu redor uma camada densa de energia negativa. Ao despertar para o amor, o ser humano combate essa energia. É a briga entre o bem e o mal. Mas é chegado o momento de despertar para muitos de nós. Estamos sendo chamados, sentimos isso! Somos anjos na terra. Somos mensageiros de Deus, cada um de nós!

Viva de maneira a receber e distribuir o amor, espalhe e contagie a humanidade com seu amor. Quando então a energia positiva ao redor da Terra for maior que a energia negativa, então a Terra poderá evoluir. Sairemos do mundo de expiação para o mundo de regeneração. Aprenderemos tantas coisas novas, haverá tanto a transformar, regenerar e construir. Haverá tanta ajuda e cooperação entre os seres que aqui habitam.

Mas não se esqueçam de que a Terra é um ser vivo, e que ela também deseja evoluir para este novo patamar de energia. Façam a seguinte pergunta: Quem está atrapalhando esta evolução? Quem está permeando a crosta da Terra com energia negativa? Se você fosse a Terra, como se defenderia? Quem tentaria eliminar através de sua força? Isto explica algumas coisas não é mesmo??

A Terra tem pressa, não quer perder a chance de evoluir e para isso fará o serviço necessário. Fará ao seu modo a sua “limpeza”. Mas não se preocupem os puros de coração, pois nada é por acaso e todos temos nossos papéis definidos nesta nova etapa. Confie!

Incrível como uma simples mudança interna pode transformar o mundo em que vivemos. Posso estar errado? Posso estar louco? Quem sabe?! Mas nunca me senti tão lúcido e vivo. Sigo fazendo o que considero ser a minha parte. Autoconhecimento.

Veritas vos liberabit.

"A Verdade vos Libertará". (João 8:32).

Jean Michel Torres.
 

segunda-feira, 2 de maio de 2011

O voluntário

Esta semana no trabalho voluntário passei pela primeira situação onde senti vontade de chorar. Trabalho como voluntário no administrativo de um grupo de voluntariado, dentro de um hospital. Além das funções administrativas costumo ajudar na brinquedoteca. Como na brinquedoteca só podem comparecer as crianças cujo quadro clínico permita este tipo de exposição, nunca tive contato com nenhuma criança extremamente debilitada. Algumas estão magras, abatidas, com soro ou em cadeira de rodas, mas sempre em condições de uma conversa, uma brincadeira ou um sorriso.

Foi então que eu conheci Mariana*, uma menina de aproximadamente 3 anos, que chegou na sala de cadeira de rodas, soro e sonda urinária. Mariana não falava muito e nem sorria. Aos poucos fomos oferecendo brinquedos e jogos para ela escolher os de sua preferência e fomos juntos viajando pelo mundo das brincadeiras. Aos poucos Mariana foi se soltando, interagindo e até mesmo sorrindo.

Foram duas horas onde vi o gelo ser quebrado, e a aflição de estar doente dar lugar ao mundo de criança. Acho que criança não deveria sofrer, não deveria adoecer, sentir dor, nem ser magoada. Deveria existir algo que impedisse isso. Eu olhava para aquela criança e tudo que eu conseguia pensar e pedir dentro de mim é que Deus lhe curasse, lhe tirasse a enfermidade, que ela ficasse boa e pudesse deixar o hospital. Longe de ter super poderes, sei que não poderia realizar estes desejos, mas também sei do poder dos pensamentos e da energia de uma oração.

Senti-me feliz por estar ali, proporcionando aquele sorriso à Mariana. Senti-me grato por poder doar a ela algo além do material e que naquele momento teria um valor muito maior do que qualquer brinquedo. Senti ali o valor da caridade, o valor do voluntariado.

Quando terminamos nosso período de funcionamento da brinquedoteca eu fui levar Mariana ao seu leito. Entrei com ela no quarto e percebi que não havia ninguém ali além de nós dois. Perguntei a ela quem estava a acompanhando e ela me disse que era sua mãe, mas que havia saído para comprar roupas.

Fui até as enfermeiras e perguntei se aquela garotinha estava mesmo sozinha no quarto. Elas me disseram que sim. Que a mãe dela havia saído e que sempre deixava a Mariana sozinha. Não consegui entender, nem aceitar aquilo. Não sou capaz de compreender como uma mãe pode deixar sua filha de três anos sozinha em um quarto de hospital.

Por dentro eu me remoia enquanto não deixava as lágrimas escaparem. Lembrei que tive a felicidade de ter uma família que sempre esteve ao meu lado nos momentos de enfermidade. Que meus pais, tios e avós sempre se preocuparam comigo e me ampararam nas horas mais difíceis. Olhei para aquela garotinha tão pequenina e lembrei-me das minhas irmãs. Com o coração e meus pensamentos eu a abracei na intenção de confortá-la.

Fiquei um pouco mais no quarto com Mariana a distraindo enquanto todas essas questões e tristezas passavam pela minha mente e pelo meu coração. Entendi que eu não poderia ficar ali pra sempre. Que eu não estaria ali com a Mariana todas as vezes que a mãe dela a deixasse sozinha. Entendi que para que meu trabalho como voluntário fosse realizado da maneira correta, eu deveria deixar Mariana ali, assim como a encontrei.

Eu posso oferecer duas horas semanais do meu tempo, do meu carinho e da minha dedicação ao serviço voluntário, mas não posso esquecer quais são os meus limites, que não posso mudar o mundo daqueles que encontro pela frente. Tenho que acreditar que fazendo a minha parte estou mudando o mundo de todos nós.

Nestes últimos dias Mariana tem estado em minhas orações, vibrações e no meu coração. Peço a Deus que esteja sempre por perto a amparando e que ela possa se curar em breve.

Quanto a mim sigo em frente, tentando não me abater pelas coisas que vejo por aí enquanto tento fazer alguma diferença neste mesmo mundo.

Jean Michel Torres.
 
* Mariana é um nome que escolhi para não expor a garotinha.