Por esses dias tenho me perguntado se devo mergulhar ou molhar os pés. Como devemos reagir diante de uma situação de paixão?
Qual a medida entre sentimento e razão?
Tem dias que o sentimento te atropela, te invade, tira o ar... E agora o que faço?
Me jogo de cabeça e vivo intensamente a paixão, sem medo, sem pudor, com total entrega?
Confiança se conquista com o tempo. Mas e quando não houve tempo para isso?
Será que há rede lá embaixo? Será que há água na piscina? Será que há alguém para me segurar?
Já mergulhei tantas vezes e quebrei a cara. Nem sempre o mergulho valeu a pena. Na maioria das vezes a dor da queda foi maior que a alegria do salto.
Mas toda queda me ensinou algo. Todo mergulho foi único. E toda recuperação me fortaleceu.
De que vale passar por esta vida sem viver a intensidade da paixão? Pra mim é como viver pela metade. É deixar o medo e a insegurança me dominar. E isto eu não admito.
Quando a vida me coloca diante do trampolim minhas pernas tremem. O coração palpita, a boca seca.
Quero acreditar que os anos me fizeram um melhor mergulhador. Não mergulho mais pensando apenas no que me espera lá embaixo. Observo a beleza da vista do topo do trampolim. Deixo a energia tomar conta de mim, fecho os olhos e salto. A queda livre me liberta, me renova, me invade. É um momento único e raro.
Definitivamente não quero viver a segurança de uma vida sem paixão. Não quero o sorriso amarelo dos que não saltaram, não viveram, não amaram. Quero a vida, a paixão e o amor.
Se pudesse escolher um momento, uma cena para registrar, com certeza seria o momento em que me falta o ar, logo após saltar.
Mais uma vez estou no topo. Que vista!
Jean Michel Torres.